A PROSAICA ONIPRESENÇA DA CRIATURA – Letras

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01 Zzz (Letra: T. Greguol / Música: Lucas Dimitri)
02 Fênix (Letra & música: T. Greguol)
03 Espantalho (Letra & música: T. Greguol)
04 Funeral (Letra: T. Greguol / Música: Gui Vianna)
05 Lembrete (Letra: T. Greguol / Música: Mário Amore)
06 Telutelinho (Letra, música & interpretação: João Paulo da Cruz Riemma)
07 O céu (Letra: T. Greguol / Música: Rto)
08 Saída (Letra & música: T. Greguol)
09 Super-herói fora de série (Letra: T. Greguol / Música: T. Greguol & Mário Amore)
10 Tortura nunca dantes catalogada (Letra & música: T. Greguol)
11 Tchusté-nigô (Letra, música & interpretação: Mário Amore)
12 Você já sabe (Letra & música: T. Greguol)
13 Contando dias contados (Texto: T. Greguol / Música: Mário Amore)
14 Acorda (Letra: T. Greguol / Música: Vinicius Reale)

 

ZZZ…
Se tem algum filme para ver
Mais tarde poderá ser alugado
Mas faz noites que durmo mal
E agora estou muito cansado

Se tem algo pra ser feito
Pra arrumar ou pra ser pago
Eu juro que não vou esquecer
Mas agora estou muito cansado

Se tem alguém louco por aí
Alguém me querendo como amado
Se for verdadeiro, espere um pouco
Porque agora eu estou muito cansado

FENIX

O meu ódio não dura mais do que só quinze minutos
Em breve morre, decompõe, não sobra nem os mosquitos
Nada some, se transforma, então estamos todos quites
E logo nasce um novo eu e já estou pronto pra recomeçar

O meu amor é um bicho pra lá de muito esquisito
Perdoa tudo por ser sábio ou ser muito esquecido
Não julga nada e acha até o que eu não gosto bonito
E sempre estende a mão, sorri pra mim e me manda recomeçar

O meu tempo não me obedece então às vezes eu corro
Eu pego o bonde, eu perco o timing e até grito socorro
Mas só existe uma hora certa e nessa hora eu morro
Por que então é o momento de tudo que já foi eu recomeçar

A minha imagem refletida é um tanto ingrata
Se por dentro eu evoluo por fora eu sou primata
Se eu digo ‘pare aí’ ela sempre desacata
Mas mesmo assim é sempre bom a gente recomeçar

ESPANTALHO

Não importa se o sol brilha na plantação
Se está chovendo ou se é noite de luar
Não conhece a vida, mas segue sua função
Ele sempre está lá, solitário, a esperar

Com sua cara inerte sem expressão
E o seu olhar perdido a procurar
Suas roupas velhas a lhe proteger
Ele fica firme, solitário, a esperar

Com os braços abertos até a palma da mão
Um São Francisco que só consegue espantar
Um sorriso torto sem nenhuma pretensão
Ele é um solitário e vai esperar

Não pediu pra nascer e nem para estar lá
Já pensou bastante, mas só conhece a dor
Sua qualidade é a esperança
Ele é um espantalho esperando amor

FUNERAL

Hoje eu vou dar uma festa
Quem quiser pode aparecer
Essa vai ser de agora até o amanhecer

É uma festa de despedida
Barulho derradeiro do que era eu
Se não me viu até agora… Já perdeu

É a morte sem enterro!
De um cara que já morreu
Funeral atual de um cara
Do cara que era eu!

Não me lembre quem eu sou
Mesmo porque já não sou mais
Aproveite o meu último adeus
E me deixe morrer em paz

LEMBRETE

Tem tanta coisa que gosto em você
Falei e vou repetir muito ainda
Poderia falar da sua aparência
Porque pra mim você é linda

Vejo você lidando com a vida
Quando alguma coisa não está certa
Você tem sempre uma boa solução
E é assim que se desperta

Desejo tudo de bom pra você
Acho que tudo dá certo no fim
Preciso ir agora, mas tudo bem
Porque eu sei que você gosta de mim

Eu sei que posso contar com você
Porque está aqui sempre amiga
Eu sei que posso contar com você

TELUTELINHO

Telubam Telutelinho
Seu teu Lontina Lorivaldo
Loro, loro, loro, loro, loro Valdo…

O CÉU

O céu, o céu é meu chapéu
Uma nuvem ilusão
E sob esse chapéu
É todo mundo meu irmão

O céu, o céu é meu chapéu
Essa bota é o meu chão
E sob esse chapéu
Está tudo na minha mão

O céu, o céu é meu chapéu
Não existe nada em vão
E sob esse chapéu
Você é meu coração

Onde deixo meu chapéu é onde me sinto em casa

SAÍDA

Se você um dia me perguntar
O que acho desse mundo ou dessa vida
Vou falar qualquer coisa fácil de escutar
E em breve estarei na porta de saída

Essa minha opinião particular
Não é amarga, triste ou suicida
Mas ninguém nunca vai aceitar
E em breve estarei na porta de saída

Pra que deixar todos irritados comigo
Nessa nossa viajem que é só de ida
Se ela já é tão fora de rumo
E em breve estarei na porta de saída

Em breve estarei na porta de saída
Pensando se me ocorreu muito cedo
Pronto para aceitar
E finalmente existir sem medo

SUPER-HERÓI FORA SÉRIE

Eu sou eu do meu pé ate a cuca
Refletindo o estado universal
Sou algo num laboratório perdido
O meu mundo e do tamanho de um dedal

Saquei que o problema é comigo
Sou o cara voando pra me salvar
Eu sou o meu próprio arquiinimigo
O meu super-herói particular

Eu pedi ajuda para alguém
Que pediu ajuda de outro alguém
Que na duvida chamou por mais alguém
Que no fim clamou por uma mão

Eu nasci com ajuda de alguém
Me alimentei com ajuda de alguém
E desde então fui precisando de alguém
Mas no fundo, lá no fundo eu sou também…

TORTURA NUNCA DANTES CATALOGADA

Choro nos olhos e no peito dói
Ácido no plexo que corrói
E me reviro da noite ao amanhecer

Eu faço tudo que posso fazer
Pra conseguir evoluir e crescer
E me reviro da noite ao amanhecer

Digo, e mesmo que alguém me ouça
São as palavras de outras pessoas
E me reviro da noite ao amanhecer

Estou me afogando em mim mesmo
Alguém me ajude, pelo amor de Deus
E me reviro da noite ao amanhecer

TCHUSTÉ NIGÔ

Tchusté nigô
Marigô
Tchulágu marígu
Peperigo

VOCÊ JÁ SABE

Você já sabe que essa música é para você
Você já sabe e não tem nada que eu possa fazer
Você já sabe, mas vou repetir pra todo mundo entender
Você já sabe o que é que eu tenho pra te dizer

Você já sabe que eu acho você linda de doer
Você já sabe que eu ando 12 Km num dia chuvoso só pra te ver
Você já sabe que eu sou muito mais bacana só por te conhecer
Você já sabe o que é que eu tenho pra te dizer

Você já sabe que a única razão dessa música é você
Você já sabe que eu te acho parecida com uma boneca de pano que é tão bonita e tão simpática que me bate uma felicidade que acho que eu prefiro até esconder

Você já sabe que em breve não terei mais nada pra rimar com ‘er’
Você já sabe que é uma maravilha quando ouço sua voz e quando sinto o seu cheiro, ou quando de lembrar fica tudo colorido e o gelo começa a derreter

Você já sabe o que é que eu tenho pra te dizer
Não só você, mas todo mundo já sabe
E acho que até já deu pra entender

CONTANDO DIAS CONTADOS

Era uma tardinha de primavera. A menina sorridente não sorria mesmo, de forma alguma. Quais seriam os motivos que transformaram seus problemas – minúsculos, comparados ao universo – em lágrimas tão gigantes assim? Mesmo tristonha ela parecia feliz. Ela era muito feliz mesmo. Se não era, parecia. Então, antes de dormir (com os olhinhos inchados, coitada!) ela desejou muito que não houvesse dia seguinte. Mas desejou e desejou. E então desejou de novo. E quem pode dizer se um pouco antes de pegar no sono não desejou mais uma vez? Pode ser que tenha até sonhado com isso e falado… Mas se alguma menina sozinha fala dormindo num quarto no meio da noite, será que alguém ouve? O fato é que no outro dia ela acordou, se vestiu, comeu um bolo e ainda mais uma vez, antes de ir pra escola, coçou a ideia na cabeça – queria que hoje não existisse… O tempo passou. Ela cresceu. Se ela casou e teve filhos, ninguém sabe. Se foi feliz a maior parte do tempo, também ninguém sabe, mas ninguém poderia ser infeliz tendo sido tão alegre um dia. Mas o tempo passa para todos e certamente antes de morrer se esqueceu do que um dia desejara tanto. Ela morreu, e todos de sua época também. E das épocas futuras também, e assim por diante. Até que tudo morreu (ou se transformou, como diria Lavoisier). E no dia do juízo final, Deus notou que faltava um dia.

ACORDA

Cara parado tá fazendo nada
Tá tudo pronto, mas ele não tá
Olhos abertos, cérebro de molho
Orelhas lá, mas não para escutar

Pare, pense e some um mais um
Se liga, porque já vai acabar
Você pode ter tudo de novo
Mas antes você tem que acordar

Acorda, levanta e vai se lavar
Acorda, levanta e vai se usar
Acorda, levanta e vai se virar

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